segunda-feira, 1 de novembro de 2010

FRANK

Que o estar só,
seja chamado
de quietude ou tranquilidade
e que aconteça para nos encontrarmos
e olharmos um pouco para dentro de nós,
mas que não demore demasiado
para que não se transforme
em vazio ou tristeza
e  não seja chamado de solidão!
Fernanda Rocha


Noite passada, domingo. O último dia de outubro. Nada especial a não ser a ebulição tímida, dado ao resultado  da eleição de Dilma Rousseff. A primeira  mulher eleita democraticamente a tornar-se presidente do Brasil.

Por alguns momentos eu ocupei meu tempo, em observar involuntariamente uma pessoa que dividia indiretamente o mesmo espaço social por mim escolhido para encerrar meu dia durado dentro da maior normalidade possível.

O ambiente ao ar livre, arejado pelo vento quente do  tempo "mormaço" favorecia para o burburinho das conversas paralelas misturando-se com o som ambiente do bar implantado em uma esquina da Nova Imperatriz. Empreendimento já popularizado na cidade como o “BAR INTELIGENTE”. 

Na verdade, o que eu observava de tal maneira naquele rosto tão bem apessoado tão bem cuidado e que educadamente ao localizar um olhar curioso em sua direção esboçava um sorriso belíssimo e especialmente simpático? Nem sei relatar, mas algo me fazia buscar reaver em tempos de minutos o rosto calouro naquele espaço bem frequentado por mim. O tempo da noite adiantava-se.

 Outras pessoas ocuparam o local coletivo, que para essa noite apresentava-se com vagas disputadíssimas. No entanto quando eu imaginava deparar com o local desocupado ou com outras pessoas a dividir a mesa, para minha surpresa o descobria no mesmo ponto. Sem nem um ar de preocupação. Nem com o passar do tempo nem com a falta de companhia.

Era então o estado de SOLITUDE?   O estado de se estar sozinho e afastado das outras pessoas, mas que geralmente implica numa escolha consciente. O que se diferencia de Solidão. Visto que a solidão pode ser experimentada em qualquer lugar do mundo mesmo que estes estejam ocupados por milhares de outros pares. Estar sozinho se faz diferente, às vezes necessário, mas nem sempre o estar só, se resume em condição de solidão.

Nem sei mesmo o que eu tinha com isso, nem ao menos dava conta dos diálogos entre os que me faziam companhia muito mais aproximada. Não acredito que incomodei o belo moço, mas era agradável deparar com o rosto explicitamente tranquilo. Uma áurea de dar gosto de ver. Completada pelas vestimentas claras, limpas e certamente aromatizadas a custas de um perfume ainda mais agradável. E de certo, elevado preço.


De surpresa a chuva abeirar-se: rápida e desavisada. Fazendo o desmanchar da ordem das mesas. Todos buscaram um lugar pra proteger-se das gotas aceleradas.  Também sendo essa minha preocupação momentânea. A coletividade se amolda ao recinto protegido da chuva. Imagino que o moço “solitário” tenha se organizado em algum espaço da casa. Porém meus olhos submergiram-se da visão panorâmica, tão privilegiada.

Fim de chuva, reorganização do espaço externo favorável a um frescor necessário aos presentes. Ele estava lá. Com a própria áurea, expondo ainda sorriso de tranquilidade. Nem telefonemas, nem olhar de busca ou inquietações. Uma tranquilidade de dar uma vontade de experimentar “esse bem estar só”.

Aproximando a estação de a noite virar manhã, resta-nos pouco tempo. Contudo, o suficiente para uma instantânea aproximação, vis-à-vis consentida com simpatia. Instigando para que eu, despida do menor embaraço indague sobre qual denominação se esquadrinha aquele rosto de um ser “SÒ.” Que fez minha noite tão cheia de juízos sobre  o estar do outro. Titula-se: FRANK. E só.





Pelo olhar e escrita de Vanusa Babaçu

6 comentários:

Rodrigo de Assis Passos disse...

lindo texto!

CAIRO MORAIS disse...

"pensei eu que o blog incompleto tinha uma faixa de entrada permanente..." Lasquei-me.

Vanusa Babaçu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vanusa Babaçu disse...

Cairo,

Permanente? Hum!!!!

Muda-se somemte a arte-aprsentação. Permanece em ti a inspiração.

Muda-se somente a arte-apresentação. Permanece em mim, teu riscos, rabiscos e marcas!!!

Acho que essa brinda a todos os visitantes dessa página com mais uma belíssima roupagem nova de Babaçu, por CairoMorais.

Amo-te!

Anônimo disse...

Saudades de um tempo que já fui teu FRANK!

Lindo o texto. Tu fica como o vinho, o tempo passa e tu melhora em tudo.

Beijos

Cecilio

Vanusa Babaçu disse...

Cecilio Rosa,


"Saudades de te procurar" texto de um blogger que eu aprecio.

Viver e melhorar? É o bom de viver muito, maturar, já disse isso em textos passados. Fico feliz pela Observação.


beijos maranheses