quinta-feira, 12 de março de 2015



Do dia de hoje
A correnteza do rio que passa no meu quintal
É faca afiada
dois gumes sem dó.
Corre em mim, desenfreadA.



quinta-feira, 22 de janeiro de 2015












...quando puder, tome pra ti uma dose nada econômica de mim. Porque, posso ser de todas as formas. Inclusive liquida.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Em terrras quilombolas




“Planejamento traz estratégias. Ainda precisamos de mais esclarecimentos para saber como essas questões de planejamento podem trazer mais elementos para apoiar na preservação do território como está”,Cleucilene – Quilombo Abui.

Nos dias 21 a 24 de julho, a Associação Mãe Domingas, a Cooperativa do Quilombo e a Comissão Pró-Índio de São Paulo promoveram a primeira série de oficinas destinadas a apresentar e discutir novas ferramentas para planejamento e gestão territorial no território Alto Trombetas onde vivem cerca de 180 famílias distribuídas em cinco comunidades.

As duas oficinas, facilitadas por Stéphanie Nasuti e Vanusa Babaçu, foram viabilizadas com o apoio de ICCO e do PNUD. As oficinas transmitiram fundamentos teóricos sobre as noções de planejamento, gestão e suas aplicações ao território. Os conceitos foram trabalhados a partir de atividades em grupo, utilizando um material diversificado: reflexão sobre pequenos textos; caracterização dos principais elementos do território e das várias dimensões que o compõem; desenho de mapas identificando as principais áreas de uso; e, identificação das potencialidades e fraquezas do território.





As oficinas constituem a primeira atividade do projeto desenvolvido pela Associação Mãe Domingas, a Cooperativa do Quilombo e a Comissão Pró-Índio com o objetivo de construir o plano de gestão do Território Alto Trombetas.

 “Com certeza a gente quer preservar para que o que temos permaneça ao longo dos tempos. O que eu entendo por planejamento territorial é tudo que a gente tem de fazer de forma que não prejudique nosso futuro. Para mim, é elaborar nossas ações para não prejudicar o que nós temos”, Albenize – Quilombo Abui.




O Território Quilombola Alto Trombetas
A Terra Quilombo Alto Trombetas foi parcialmente titulada em 2003 pelo Instituto de Terras do Pará, com61.211,9600 hectares em nome da Associação Mãe Domingas.

A outra porção do território, que soma 151.923 hectares, encontra-se em processo de titulação pelo Incra. O Relatório Técnico de Identificação dessa porção do território encontra-se tecnicamente aprovado desde abril de 2013 mas não é publicado por determinação do Incra em Brasília até que se chegue a um acordo com o ICMBio uma vez que a mesma encontra-se sobreposta a duas unidades de conservação.

Além do desafio de garantir a titulação de suas terras, os quilombolas do Alto Trombetas lutam para fazer valer o seu direito frente aos planos de expansão da área de extração de bauxita da Mineração Rio do Norte em suas terras a partir de 2021. A empresa é a maior produtora de bauxita do Brasil e tem entre seus acionistas grandes empresas como Vale do Rio Doce, Rio Tintoe Billiton.

Saiba mais sobre os quilombolas de Oriximiná em: www.quilombo.org.br


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Por onde andei enquanto voce me procurava


PAPARUTO



Delicioso! Alimentar no alvorecer, todos juntos, a aldeia e convidados. Ele é feito coletivamente, com participação dos homens e mulheres, utilizando massa de mandioca exprimida no tapiti, (espécie de peneira vertical, feita artesanalmente de talos de buriti comum em toda morada indígena) carne doméstica e da fauna, as folhas de bananeira e embira nativa para embalar o “paparuto” (parecido com pizza), pedra e lenha para aquecer e cozinhar, abafado cuidadosamente sob a terra. Chega até mais de metro quadrado de tamanho, Vale a pena conhecer essa culinária e, o que está por trás de tudo isso, seu vinculo cultural


Fotografia: Vanusa Babaçu
Descrição: Cleso Moraes

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Vivência em terra Krahõ


A vegetação rasteira, uma cor esverdeada unívoca. Que é aquebrantada pelas incontáveis flores de tamanhos e cores díspares que enfeitam as estreitas veredas do percurso. Naquele cenário, os riachos com nomes que desconheço correm como veias que auxiliam no pulsar da terra. Assim, com os olhos cravados em tudo que passa de forma rápida e contínua aos meus olhos, imprimo minha entrada por esse caminho novo. Dentro de um animal metálico, o carro de cor pardo-cinza, conduzido por meu companheiro de trabalho Zezinho Martins. O velho carro é desprovido de ar condicionado e de som. Todavia, ronca ininterruptamente o motor, interferindo no silêncio daquela inesquecível paisagem do cerrado brasileiro.

 Todo esse vislumbrar, contribui para alcançarmos o povo que nos espera: o povo Krahô, grandes guardiões do cerrado. Além de coletores e caçadores, trata-se de um povo que sabe celebrar. O calendário festivo se encorpa com o fim das chuvas. Cada aldeia tem a sua motivação para grandes festas. Congratulam-se entre eles, e também com os que ali chegam. Valorizam os elementos da natureza e respeitam e preservam o meio ambiente.

 O povo Krahô é provido de uma beleza peculiar, arrematada por um colorido de vermelho alaranjado do urucum e a negritude do jenipapo que cobrem seus corpos em eventos festivos. Estampa nos seus rostos livre de pelos, uma tranquilidade difícil de entender facilmente.

O grande encontro é na compacta Lagoinha, uma aldeia makraré (se autodenominam: filhos de ema) está cravada em uma parte elevada da imensa chapada no município de Itacajá- TO. A geografia contemplou o espaço com um mirante. Uma elevação rochosa escalada diariamente pelas crianças oferece uma vista de toda a área circular da comunidade. O pátio pode ser vislumbrado dali também. É nessa esplanada descampada onde acontece toda a vida política e social da aldeia. Nas noites festivas, contempla-se o clarão do luar, o convidar do maracá e os cantos em língua nativa, acompanhado pelos os passos rítmicos e fortes na terra nua.

Impossível não acontecer um processo de intimidade e harmonia entre o “ser” e natureza em um espaço tão místico. É desse modo que, Nesses dias de maio, os 14 Caciques das aldeias Makrare, reúnem-se para um importante Iaminkwin, correm a tora em homenagem a alguém que já não esta entre eles de presença física, que já retornou a terra. Como os rios gélidos que rasgam a o cerrado, o percurso é inevitável e natural. A festa encerra o ciclo de um luto, e a vida dos que ficam segue seu rumo.

 Aproveitando desse intermédio, além de vivenciar os dias de festa, numa das tardes de discussão de assuntos inerentes às necessidades daquele povo, minha presença entre eles é também com o objetivo de debater, sobre o PBA – Projeto Básico Ambiental Timbira. Nesse projeto, exerço a função de assessora técnica. Cabendo assim a necessidade de estar sempre com eles.

A comunidade Aldeinha foi abarcada no projeto de roça coletiva idealizada e executada pela Associação INTE e Cate no ano de 2013. Além da prestação de contas, novos projetos para o ano de 2014 também esteve em pauta. O encontro foi permeado de longas conversas, de esclarecimentos de duvidas, Além dos caciques, estiveram presentes e contribuíram nesse processo: Fernando  Schiavini e Cleso Fernandes (FUNAI),  Gedem Jorge (assessor do projeto), Marcelo Hajopir Kraho  ( Associação Inxe - catti), José Martins e eu, (Associação Wyty Cate).

Cabe sublinhar, de tudo que aqueles dias me proporcionaram, foi imprescindível aprender sobre partilha, desde o banho de rio, os círculos para as conversas, bem como o alimento. Do zelo com a nossa casa, a terra. Entre eles esse cuidado, não está sujeito a nenhum estatuto, esse saber cuidar, está enraizado no fazer diário de cada homem e mulher que ali vivem. Possível contemplar, na paciência pedagógica do ensinar, na forma prazerosa e responsável na transmissão desses conhecimentos para as novas gerações que vão povoando essa parte do belíssimo cerrado preservado.

O que me faz refletir, precisamos mesmo nos escolarizar na principal disciplina que a vida nos pede: Sermos humanos. E isso, não é assim tão fácil. No entanto o povo Krahô, nos apresenta lições incisivas. Sonho que um dia, muitos de nós possamos experimentar sem moderação o viver daquele povo.
 Aquele por do sol, que inspirou meu nome: Amkrokwj (o por do sol ao se encontrar com a mulher, nome que recebi de Tereza/Aldeinha, devo voltar para o batismo) Aquela lua cheia e iluminada, aquele pátio, aquele silencio absoluto, aquele rio, aquela estrada, aquele verde fazem parte de uma memória recente que me fez um grande bem.

 É com essa motivação que já quero ou preciso voltar a ver e viver tempos com eles.  Andemos. Amém.


segunda-feira, 21 de abril de 2014








desconhecido ao invés de me me deixar temerosa, cria em mim uma deliciosa vontade de ver o que tem do outro lado da cortina. É certo, que já me dei mal algumas vezes. No fim de tudo, o que realmente importa é que sempre terei algo pra contar. E vivo assim. e Sigo.

segunda-feira, 10 de março de 2014



Talvez ele seja romântico, ou ainda goste de falar do trabalho.
Pouco sei, se só vejo os olhos e tão rapidamente. Tempo suficiente pra ver fogo neles.







Quando miro teus olhos, experimento uma dose de temor e muitas outras de desejo.



Para que nos serve uma cicatriz, se não, para lembrar que ali alojou-se uma dor?

segunda-feira, 3 de março de 2014

Caranvalizar

Ponte que atravessamos "obrigatoriamente" para alcançarmos as aldeias Krahô - Goiatins e Itacajá - TO



Era carnaval pra uns
e chuva pra nós.
o tempo passando,
Moradas e distancias
cores, almas e fotografia
quintais,
luta e latifúndio.
De tudo ia se dizendo
numa conversa leve
um dialogo difícil de finalizar.
De tão, tão, bom que era.

Aldeia Riachinho - Povo Apinaye - Tocantinópolis TO
Meu tempo em terras Timbira



Dos dias que me faço
Me faço criança
Me faço brincante
Eles, elas me refazem, me revestem de força.
Me revestem, dessa vontade de vir.
Da certeza de querer voltar.
Também em mim, com eles, emerge uma vontade de permanecer.
Escuto as historias, e experimento a vivência.
Visualizo o preservar, da inocência e do fortalecimento da sabedoria.
Eu, sou assim. Ou me faço assim.
E sigo. E vivo.E volto.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013








Toda dor tem seu prazo de validade

Calma e alma

Já gastei tanto tempo com esse diário virtual.  Uma necessidade básica. Um tricotar comigo e só. Foi tão bom, valia muito à pena voltar aqui e encontrar as publicações, bem publicas mesmo, e até com alguns comentários. Tive até uns 5 leitores. Mas era assim só de minha pertencença. De tudo que registrei aqui, somente uma postagem apaguei, ela se intitulava "Grajaú" era uma carta de dor. Uma lamentação terrível. Me arrependo da tal exclusão, já que o que motivou a carta nunca parou de doer. Mas, o tempo já acelerou outras coisas. E registrei menos, sobre o dia-a-dia. Confesso que sinto culpa. Tentando voltar, com um pouco mais de calma, de alma. Como canta nosso Baleiro. Quem sabe um dia eu volte... Inclusive a falar de meus pés.