quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Uma porta, a porta...

A Verdade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Carlos Drummond de Andrade

9 comentários:

Lucas Victor disse...

"Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Cada um optou conforme sua miopia."
Somos duas metades completas, e quando derrubamos a porta você pode ver as duas. Então escolha a que mais te agrada, a que faz parte de seu conceito!

bjos portais

Vanusa Babaçu disse...

"Somos duas metades completas, e quando derrubamos a porta você pode ver as duas". Lucas Victor

Eu já escolhi a minha porta, o meu caminho e já fiz o meu conceito!

Babaçu

Anônimo disse...

Deixar-se ver pelas metades. Duas metades. "Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Cada um optou conforme sua miopia." ada um caminhar pela vida conforme seu ver. Ja li esse poema outras vezes. Portas já abri e fechei. Mas o diálogo aqui estabelecido é fantastico. Dá vontade de saber: Como ser essas duas metades completas. Diante de uma página de alguém que se veste de "INCOMPLETO?

Saudades de ganhar tempo com Babaçu. Parabéns, Lucas Victor. Pela reflexão. Além das portas, Babaçu abre JANELAS.

Beijos cariocas. (rsrsrs)

Saudades,

Cecílio,

Vanusa Babaçu disse...

Janelas?

Portas?

Caminhos?

Sim essa, sou eu.

Faça rastro e vem pro MARA.


Obrigadão por passar aqui, e deixar carinhos.

Adoroooo!!!!

Babaçu

Unknown disse...

Derrubar a porta e deixar-se vistos. É como livrarmos-nos de roupas. A poesia dessa porta das nossas vidas faz de Drumommd, um poeta que desnuda nossa existência.

Babaçu encheu a página com essa postagem... mas é esse acréscimo de Lucas "Somos duas metades completas, e quando derrubamos a porta você pode ver as duas. Então escolha a que mais te agrada, a que faz parte de seu conceito!

Que completa o poema. Drumommd, se passar os olhos nesses escritos vai perceber que ainda faltava esse mote.

É Babaçu que incinta tantas reflexões. Confirmar que já escolheu a "porta" é ousadia pura. Quen não gostaria de saber qual o rumo tu vai tomar por essa porta?

Abraços tb portais...

Vanusa Babaçu disse...

Graças a Deus! Drumommd dorme...

Abraços para Salles.

Unknown disse...

Que abram-se as portas. Que tenhamos coragem de transitar...que façamos as nossas escolhas pela nossa lente... é lindo o poema. Os comentários tornaram-se "anexos"

tudo lindo.

Vanusa Babaçu disse...

Poesias de Drumommd... confesso que vivi tanto tempo sem degustar desse prazer. Mas agora... Tenho lentes lupas para todos os escritos desse inventor da vida das palavras-arte.

Sempre maravilhoso, degustemos então... deixe que portas caiam!

Lucas Victor disse...

Obrigado Cecílio!
Obrigado João Salles!

Me sinto realmente muito feliz, orgulhoso, lisonjeado em ver que minha reflexão teve um acréscimo a poesia de Drummond por meio de suas lentes lupas!

Concordo com Wellem, e os comentários se tornam parte da poesia!

Babaçu inspira, incita, transpira poesia.. o incompleto de sua página nos induz a tentar completa-la!

São os diálogos transitados nessa página que dão sentido as poesias!

Portas
Janelas
Metades
Completas
Incompletos
Abertos e expostos por Vanusa

Te invejo!
bjOs invejosos e admirados!