segunda-feira, 28 de julho de 2014

Em terrras quilombolas




“Planejamento traz estratégias. Ainda precisamos de mais esclarecimentos para saber como essas questões de planejamento podem trazer mais elementos para apoiar na preservação do território como está”,Cleucilene – Quilombo Abui.

Nos dias 21 a 24 de julho, a Associação Mãe Domingas, a Cooperativa do Quilombo e a Comissão Pró-Índio de São Paulo promoveram a primeira série de oficinas destinadas a apresentar e discutir novas ferramentas para planejamento e gestão territorial no território Alto Trombetas onde vivem cerca de 180 famílias distribuídas em cinco comunidades.

As duas oficinas, facilitadas por Stéphanie Nasuti e Vanusa Babaçu, foram viabilizadas com o apoio de ICCO e do PNUD. As oficinas transmitiram fundamentos teóricos sobre as noções de planejamento, gestão e suas aplicações ao território. Os conceitos foram trabalhados a partir de atividades em grupo, utilizando um material diversificado: reflexão sobre pequenos textos; caracterização dos principais elementos do território e das várias dimensões que o compõem; desenho de mapas identificando as principais áreas de uso; e, identificação das potencialidades e fraquezas do território.





As oficinas constituem a primeira atividade do projeto desenvolvido pela Associação Mãe Domingas, a Cooperativa do Quilombo e a Comissão Pró-Índio com o objetivo de construir o plano de gestão do Território Alto Trombetas.

 “Com certeza a gente quer preservar para que o que temos permaneça ao longo dos tempos. O que eu entendo por planejamento territorial é tudo que a gente tem de fazer de forma que não prejudique nosso futuro. Para mim, é elaborar nossas ações para não prejudicar o que nós temos”, Albenize – Quilombo Abui.




O Território Quilombola Alto Trombetas
A Terra Quilombo Alto Trombetas foi parcialmente titulada em 2003 pelo Instituto de Terras do Pará, com61.211,9600 hectares em nome da Associação Mãe Domingas.

A outra porção do território, que soma 151.923 hectares, encontra-se em processo de titulação pelo Incra. O Relatório Técnico de Identificação dessa porção do território encontra-se tecnicamente aprovado desde abril de 2013 mas não é publicado por determinação do Incra em Brasília até que se chegue a um acordo com o ICMBio uma vez que a mesma encontra-se sobreposta a duas unidades de conservação.

Além do desafio de garantir a titulação de suas terras, os quilombolas do Alto Trombetas lutam para fazer valer o seu direito frente aos planos de expansão da área de extração de bauxita da Mineração Rio do Norte em suas terras a partir de 2021. A empresa é a maior produtora de bauxita do Brasil e tem entre seus acionistas grandes empresas como Vale do Rio Doce, Rio Tintoe Billiton.

Saiba mais sobre os quilombolas de Oriximiná em: www.quilombo.org.br