domingo, 31 de janeiro de 2010

Promessa

Te espero
Não vens,
nem volta
Nem diz, nem faz
nem tudo deve ter sentido
te espero
não vens
Nem manda recados
Com tua roupa vermelha
tuas zuada
eu bêbada
sem respostas
sem rumo, sem estrada
As encruzilhadas
O mundo pra se andar.
Eu, fico
sem ponto, sem virgula
sem resumo ou resenhas.
eu nao volto
nem vens me buscar,
Teu retrato
confunde-me
qual rumo eu tomo?
com lua, cheia
quase meia,
estreitando-se
diga-me
quem amola meu machado?




terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Artesão - Vanusa Babaçu




Um caminhante,
de passadas lentas
pés sobre sandálias de couro cru
de calcas curtas
colorida num azul celeste
peito vestido de branco
branco singelo
branco puro
branco puído
enfeitado por adereço
criado por ele
exala a sala com seu
cheiro de corpo lavado.
De corpo lavado e alma nua
ah, esse caminhante
de olhar seguro
sob suas sobrancelhas delineadas
ainda no útero.
Boca exibindo dentes separados
sorriso com traços infantis
carregado de uma candura.
Desfeita na sua fala de homem,
No seu beijo animal.
Esse caminhante
menino
de calcas curtas,
e peito vestido de branco.
Carrega consigo,
Rente ao peito
Adereço arranjado por ele.

Esse adereço

sou eu.

 


Texto e fotografia: 
Vanusa Babaçu
Dias de se ver MENINO
janeiros de 60 dias
Imperatriz,  Ma



segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

PARA-BRISA - Vanusa Babaçu


Tu...

esse vento deseducado
que assovia a minha imparcialidade
Sem escolher hora
Seja dia ou noite
Chega,
desavisado propositadamente
Toma conta
Enroscando-se em meus cabelos
Incitando desejos
Livres de medos ou culpas
Que transita, entre nosso céu e mar
Congelando os ponteiros de nossos
Relógios.

Eu,
poste.


Texto e fotos: Vanusa Babaçu

desenho - Vanusa Babaçu


Quando a maré encher,
Quando o outono chegar
Quando tudo já for quadrado
e o espelho d'água
nossa imagem não mais refletir
talvez, os botões já sejam flores
e teu jardim de jasmim
o horizonte pode ser vertical
Qual será mesmo o sentido de tudo
Nesse emaranhado de duvidas
Onde se esconde o amor
Entre minhas coxas
ou escorrega entre os dedos de teus pés
eu acordo com teus beijos
numa terça feira carnavalesca


texto e fotografia: Vanusa Babaçu
ainda é janeiro, 2010



domingo, 24 de janeiro de 2010

22 horas - Vanusa Babaçu



Chove lá fora,
leio desenhos agora decifráveis,
ligados pela linha do estômago


eu peixe, tu menino
eu menino, tu peixe


A chuva cantarola em meu telhado
desmanchando o motel de gatarias
dois quarteirões quilométricos
silêncio
insônia
tu
Ausência
chegará a dormência necessária
sonho
eu e tu.



texto: Vanusa Babaçu




Sessenta dias em um mês - Vanusa Babaçu





Nossa fotografia
pode ser
em preto e branco
que o nosso amor
se encarregará de colorir
hoje 31  dias
e nosso mês terá
60 dias
cada um, de uma cor
com pratos loucos
de saladas salivadas
quem pode dizer qual
o nosso tempo de validade?
diz respeito só a  nós
com nosso liquidificador
ligado no botão "pulsar"
misturando-nos
como o sangue de nossas veias
que inunda nossos coraçoes
na desordem de nossos desesperos.
Tuas mãos
inundadas por meus seios
me fazem queimar, 
livros lidos ou não
nossas noites de horas poucas
para nossas travessuras



Texto Vanusa Babaçu
Janeiros de 60 dias, terras de babaçuais

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

No outro






Ponte


Noite, meia noite


Fome, carne na carne


A estrada  é ponte


Interliga


Os caminhos de nosso


Querer,


Querer ficar, estar,permanecer


No outro, para o outro.


Desligado o motor do juízo


Entre faróis e gozos


Fuga para o tempo


Irreal,longe do nosso tempo.


Uma ponte


Pelas nossas costas


Retrovisores


Rotatórias


Chaves e portas


Da nossa vida... Trivial.


Café com leite


Saladas.




texto e fotografia:
Vanusa Babaçu
fotos da ponte sobre o Riacho Bom Jesus 
ponto de extrema entre os municípios de Imperatriz
e Cidelândia.





quarta-feira, 13 de janeiro de 2010


Açoite - Cairo Morais


Pensar em Você - Chico César

É só pensar em você
Que muda o dia
Minha alegria dá pra ver
Não dá pra esconder
Nem quero pensar se é certo querer
O que vou lhe dizer
Um beijo seu
E eu vou só pensar em você
Se a chuva cai e o sol não sai
Penso em você
vontade de viver mais
Em paz com o mundo e comigo
Se a chuva cai e o sol não sai
Penso em você
Vontade de viver mais
Em paz com o mundo e consigo

sábado, 9 de janeiro de 2010

Lente - Vanusa Babaçu




sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

teu silêncio

Nada quero de ti.
Minto...
Quero tudo.
Nada posso...
Só por você.

Desejo, sempre
desejo que fique.
Se quiseres, somente por inteiro!

Minto...
Te aceito por parte,
todas as partes,
Qualquer parte:
Coraçao, sorriso, alma!
Teu humor... Qualquer humor!

Tua alegria latente de vida!
Até você!

Teu silêncio....
Não!!!!



texto escrito nos idos anos de 1994
Vanusa Babaçu

domingo, 3 de janeiro de 2010

IDA - Vanusa Babaçu


Prefiro a agonia da embriaguez
Contidas nos copos de vinhos
Que a tua verdade despida
Ou enfeitadas com belas palavras
Com intenção de amenizar minha dor.
Seja impiedoso
Ou cruel, talvez!
Vá, vire-me costas sem as delongas
das despedidas.
Leve  a certeza de não mais voltar
Deixe-me um vinho barato,
como companhia
quando eu acordar 
serei
só,
feita da mais pura
saudade.






Lado fatal - Vanusa Babaçu

Tempere com o sabor do jiló
meu menu de jantar, inabitado.
Pra certificar-me que amar, amarga.
e o colorido do amor é verde.
Leve contigo os cobertores.
Adormecerei para sempre: Concha.
Extraia-me o doce da minha boca suja.
 Serei estilhaços de um velho
e cortante espelho.
Todas as manhãs se farão invernos.


Transbordarás
de fel a minha taça.
Um dia talvez,
colcha de retalhos,
folha de papel,


Cão ou gato.


Quando o tempo
de adeus chegar.


Pequenas certezas, jan/2010

Azulzinho - Vanusa Babaçu

E
Esse janeiro comprido
trita e um dias
trinta e uma noites

e eu
despaginada
sem agenda
sem datas

Janeiro de "Lena"
Janeiro de "Bento"
Janeiro de "Adriano''
Janeiro de "SANTO REIS"

Janeiro comprido
trinta e um dias
trinta e uma noites
e eu
no descompasso
desajeitada
Eu, cá
azul.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Capa-bode Vanusa Babaçu

A
Saudade
É um cavalo bravo,
Com um cavaleiro
munido de açoite e espora
Que avança num galope alto,
Embrenhando-se impiedosamente
Por veredas de espinheiras nordestinas.
As esporas ensangüentam a carne
Se o cavaleiro for silencioso
Tu escutas:
Vai, vai, vai
E continuas tua correria sem freios
Na mata fechada de capas-bode.
Desobedeces aos comandos de teu dono.
Saudade...
É esse cavalo,
estropiado
Agonizante
a espera do fim.






Pequenas certezas, jan/2010







Modelagem - Vanusa Babaçu


Eu
barro
jarro.

amassado,
alisado,
formatado.
Por tuas mãos 
seguras e ásperas.


Eu
 barro
jarro.

queimado
 Nas fornalhas 
de teus encantamentos.

eu barro
jarro
formatado.

ali, 
num canto da sala
nunca mais, me fiz tua.
Eu...
Fragmentos
Finalizo-me
Nunca mais, me fez tua.
...

Eu

barro.

Pequnas certezas, jan/2010



Janeiro-cinza - Vanusa Babaçu

Café
Chocolates
horas longas
tempo noite
janeiro-cinza

cantigas de chuva
cobertores

telhados brancos
quatro cantos
cores de azuis 
fotografias
espaços

corpo revela falta
um lado da cama
vazio
um lado de mim
solidão.


Janeiro-cinza, 2010

Lua de meio dia - Vanusa Babaçu