sábado, 27 de fevereiro de 2010

Roteiro


Colhi ervas de meu jardim suspenso
temperei nossa salada trivial
as paredes receberão novos quadros
ornamentei a mesa com plantas exóticas
te esperei
degustei nosso prato
o tempo passou.
O tempo passou
a vida andou
sacudi a poeira
carregando
nada nas algeibeiras
na ida, beijo teu sorriso
E o tempo ...
O tempo continua nublado
minha poesia sangra






Texto e Foto> Vanusa Babaçu
Fotografia, no quintal de D. Sonia, migrante goiana em terras
maranheses, caprichosa no zelo de seu quintal. Exibe ali um
pé de ovo, lindo e viçoso. (Reserva Extrativista do Ciriaco - Cidelandia,MA)
Eu, em meus dias de pesquisa, convivendo com as familias da RESEX.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Madrugada - Vanusa Babaçu


ACENDEREMOS UM CIGARRO
UM CIGARRO LAPÍS
APRENDEREMOS DECODIFICAR
A LEITURA DA IMAGEM DEIXADA PELA FUMAÇA
GOLES DE LIQUIDOS QUENTES OU FRIOS
 ESTUPRARAM NOSSAS GARGANTAS
ATÉ DESAPARECER O MEDO DE SABOREARMOS
O NOVO, O QUE NOS ACARRETA DESEJO DE ALÇAR


VOOS
TRANQUILOS OU NÃO
 O QUE NOS FAZ TOMBAR
NÃO CAIREMOS ANTES DE VERMOS A LUA
LUA NO CÉU DE NOSSAS LOUCURAS
DESAFIADAS, VIVIDAS
FICAREMOS BêBaDOS
 COM A INOFENSIVA AGUA
E PERDEREMOS O RUMO
O PRUMO
O SENTIDO
O LEME
O BARCO
MAS NUNCA A LUA NO CÉU DE NOSSA LOUCURA
INVENTADA NO DESEJO DE DESAFIAR
SEM MESMO SABER A QUEM OU O QUE?

E TU?
Ficarás impune, lendo teu jornal matinal?



Amorosamente, 
Para: Ronnedy (Buda)

Foto e Texto: Vanusa Babaçu

Leitura - Vanusa Babaçu

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ontem


Houve um tempo 
que eu era mais feliz
meus óculos escuros 
não me deixavem ver ningém
as novas lentes
me enxergarão você
e agora eu vivo perdida
nesse mundo cão
nesse mundo saudade
mal nem sempre necessário
e sem cura, certeza
dói até te acabar
dói até meus gritos não serem mais escutados
eu ainda caminho com essas lentes, lupas
houve um tempo que eu nãó via niguém
e tu me ouvias falar de saudades?

Vanusa Babaçu

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Volta




Retomarei meus passos 
por caminhos conhecidos
Reviverei histórias passadas
farei rascunhos de desenhos novos
escreverei para ti
até quando as palavras
já  te forem, invisíveis.

texto e fotografia: Vanusa Babaçu
retomando velhas histórias...

CARNAL


Aquele domingo chuvoso ainda em fevereiro, ontem. antecedido por uma noite daquelas que eu não mais tinha previsto. Eu que adoro madrugadas frias ou quentes, mas preferivelmente nunca só. Convenhamos, minha preferência nem sempre é respeitada, e tenho vivido madrugadas despovoadas, não que elas me façam mal. Fazem parte de um coloquial escolhido por mim, o que não garante que sei escolher o melhor pra minha vidaa. Ah ! essa vida, vidinha mais ou menos, vidinha bosta de burro nem quadrada nem redonda.
Não que eu seja tão seletiva para companhias noturnas, mas quando posso durmo com eles: Os anjinhos, coisa que eu adoro literalmente (bons ou maus), mas que sejam anjos .Sabemos ou só eu mesma sei, anjos tem sempre idades adolescentes (Pelo menos os que eu conheço) . Fazem mais que pensam ou nunca pensam, mas sempre fazem. É esse saber-querer-fazer de anjo que me ocupa uma noite de horas menores, sim se passam tão rápidas! Nos últimos dias, tenho mais sonhado que dormido com anjos. Felizmente sonhar está longe de meu controle.
No menu de anjos existe uma variação Incluem-se aqueles anjos duendes, peraltas, ainda os artistas cheios dos truques. Desse modo, me chega um anjo,(conhecido de outros carnavais) de carne e osso e recheia minha noite de sabores, cheiros e cores. Humm, sem me deixar esquecer que amanhã é domingo. Decido não perder tempo dormindo, tanto pra se fazer e apreciar, o sono esse já se faz companheiro por noites e noites, espanto-o com cautela, que me volte, mas volte amanhã. Deixe-me cá, a admirar incansavelmente aquela face desenhada, lapidada, elaborada e perturbadora. Sim certamente fora feito com essa má intenção. Os anjos dormem é verdade posso certamente comprovar essa tese, haja vista, que aquele anjo dormiu ali de lado aquecido em temperatura ambiente de minha costela.
Devo aqui mencionar, que outras vezes esse mesmo anjo, povoou as minhas noites, madrugada e matinas, deixando indícios nos cheiros que impregnaram os lençóis de minha cama.  No entanto, nada sei do tempo ou de outras possibilidades, assim como da primeira vez, ou como se já fosse a última apreciei sem medo de pecados ou culpas aquela paisagem carnal, sublime, e angelical. Usando apenas o recurso de minha memória fotográfica, sim só consenti à minha memória aquele registro.  As deliciosas horas que arquitetaram aquela madrugada, que antecedeu meu domingo chuvoso, de fevereiro.
    TEXTO: Vanusa Babaçu

    sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

    Cofô





    Minha saudade
    não cabe dentro de mim...
    Ainda assim, amo

    Minha saudade
    me desenha concha...
    Ainda Assim, amo.

    Minha saudade
    te chama no megafone...
    tu fica lá, mudo
    Ainda assim, amo.

    foto e texto: Vanusa Babaçu

    quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

    Quando for amor

    Quando for amor
    quando for amor
    meus olhos não mais 
    se tornarão rio




    Quando for amor
    as chuvas de verão ainda
    molharão nossa terra
    mas não encharcará minha dor.

    Quando for amor
    alcançarei o céu
    estrelado da tua boca
    catarei estrelas de certezas.



    quando for amor
    e a lua se mostrar de uma banda só, 
    essa banda será crescente.


    quando for amor
    meus passos ainda serão lentos
    mas nossos caminhos floridos.




    quando for amor
    sem indagações 
    seguirei contigo 
    E não caminharei por estradas 
    de ausências.




    TEXTO: Vanusa Babaçu
    clik: Cairo Morais
    Estrada do Arroz, Fev de 2010






    domingo, 14 de fevereiro de 2010

    Fuga

    Beije-me
    Beba-me
    Deguste-me
    Rasgue-me
    antes
    quando fechar a porta
    Mate-me
    só assim
    me deixe só.



    Tempos de "IDAS" Carnaval  2010
    Texto:Vanusa Babaçu
    Fotografia: Cairo Morais
    Estrada do Arroz, Riacho Bom Jesus

    sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

    IEMANJÀ

    Com
    flores na mão
     coração na boca
    ao teu lado
    sem nada
    e sem pressa
    pelas ruas compridas
    da cidade grande
    flores e cheiros
    pra Iemanjá
    beijos pra ti
    medos contidos
    amparado no abraço teu
    na travessia do grande rio
    ida e volta
    avião e lua
    tua companhia
    certa
    cadê meu medo,
    fugiu!?
    fingiu-se possante
    pra estar lá contigo
    Contido.
    Contrito.
    retorno
    Madrugada vazia
    de um fevereiro
    carnavalesco
    na cidade grande
    daquele dia santo
    de Nossa Senhora das Candeias.
    depois de ti
    nunca mais
    dias comuns.


    texto: Vanusa Babaçu
    fotografia: Cairo Morais
    Peça utilizada para enfeitar
    a coroação de Nossa Senhora
    na Comunidade de Petrolina - Imperatriz, MA.
    E gaurdada com muito respeito pela
    antiga moradora do povoado: Dona Martinha