sexta-feira, 30 de abril de 2010

Mercado Central


Velho mercado
O café é servido
inicialmente às seis
como dantes.
Velho mercado
Rostos marcados
conversas de ontem
e tu?
Ainda permanecendo
em terras de 
Amar Antes?
E depois
o que faremos
de nossas poeiras?

Quebra-molas - Vanusa Babaçu


Manhã fria a custas de central de ar ativada no grau 17. Corre tudo bem, sem alteração na nova rotina, agora composta por nosso querer. O cheiro na memória alterado pelo sabonete de pequi. Volto pra ti, por hoje saber que de ti nunca me afastei. Tu ficaste na gaveta que eu, invadida por um novo querer abri e faço o resgate histórico pra esse novo momento nosso. Sim, entre! Entrego-me novamente a teus velhos e quase invisíveis cuidados. Suficientes para os dias de feiras. Nosso calendário sem domingos. Quero estar presente em terras de índios, que somos. De quantos quilômetros serão feito nossos destinos? 



terça-feira, 27 de abril de 2010

categorias - Vanusa Babaçu


Faz-se necessário regar todas as plantas de meu jardim de pequenos jarros, de encontro a esse ritual das iniciais horas da matina, como em épocas promocionais aproveito para refrescar minha alma, já quase cansada na terceira idade da minha santa paciência. Se eu fechar as portas e também janelas será sem dúvida de meu coração, que ainda te cabe dentro. Acordo inteira e com sede de um copo de beijos de benevolência. Quase fraterno.  Ou me sinto pronta para aquele beijo fatal dos aprimores amantes. Abraço-te nas duas categorias.  Que seja, mas que seja com brevidade.

sábado, 24 de abril de 2010

Depois - Vanusa Babaçu

Meu coração não comporta todo o exílio de ti
Demasiado sem freio desata todos os liames
Eu, sem saída.
Historio, transcrevo,comento.
Leio, releio trechos conhecidos.
Fecho os olhos.
Encadeio as portas e tu voltas terra-a-terra
Expande-se pelas minúsculas frestas
Eu desarmada
Apresento-te minha radiografia transparente
Dou-te esse punhado de amor
Feito de letras convertidas em palavras,
Imprescindíveis ou não.
Qual deixo para que leias

quando ocorrer minha estação de afastamento.
Tu serás senhor de um tempo posterior.
 

RECICLAGEM - vANUSA bABAÇU

Por tuas mãos ateio o céu


E roubo estrelas amarelas


Tudo está escrito


Em papel renovável


Marcado com tuas digitais


Eu cego, sigo caminho seguro 


Paralelos caminhos


O chão agora palmilhado


Por nossos rastros


Deixam para trás


Saudades de amores triviais


Que encheram nossos dias


E por tuas mãos


Guio-me


E roubo a lua em quarto crescente


E te presenteio com beijos baratos


Ternamente vulgar


Arremato meu sexo com teus dedos


E tuas mãos


Conduzem-me para horas de pecados novos.


Por tuas mãos...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pequeno Príncipe




 Nos últimos cincos dias
recebi religiosamente
fragmentos lindos
do livro "Pequeno Príncipe"
  Logo nas primeiras horas do dia
todas me chegaram anônimas
confesso que,
demorei um pouco pra saber
o autor da empreitada
agora já sei!! 
Gostei de tudo: 
da iniciativa
do carinho
dos fragmentos
Resolvi ler o livro 
e decidi entender o recado.
de todos os fragmentos
 adorei particularmente esses:














 Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer
pensaria que se parece convosco.
Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, 
pois foi a ela que eu reguei. 
Foi a ela que pus a redoma. 
Foi a ela que abriguei com o para-vento. 
Foi dela que eu matei as larvas. 
Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se,
ou mesmo calar-se algumas vezes.
É a minha rosa."





quando olhares o céu de noite,
(porque habitarei uma delas e estarei rindo),
então será como se todas as estrelas te rissem!
 E tu terás estrelas que sabem sorrir!
Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido.


Se tu vens, por exemplo,
às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.
Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado:
descobrirei o preço da felicidade!
Mas se tu vens a qualquer momento,
nunca saberei a hora de preparar o coração... "





quarta-feira, 21 de abril de 2010

alquimista - Vanusa Babaçu

Nem um verso meu escrito a fios de ouro
Mas apresenta-se a ti
Despudorado, sem nem um medo
E historia sobre, nós
Sobre as estações do tempo
Os períodos lunares
Que nos encantam e nos renovam
Preparam-nos todos os novos motes
improvisado de dores antigas
Nem um verso digno de teus fios de ouro
Porém versos teus.


com os cheiros do alcreim,
para Cairo Morais
Primeira hora de lua crescente

terça-feira, 20 de abril de 2010

Descontinuidade - Vanusa Babaçu

Nem sei mais que dia é domingo
Uma aura de pouco peso
Emerge de um sopro de boca
Removendo cinzas de brasas dormentes
Revira o tempo,
Revira a mente,
Reviravolta,
Retorno,
Reverso.
Ajuízo...
O tempo me assinala!
Pondero!
Deixe-me cá, como preteritamente,
Permanecerei ao Léo.
Consintamos que as brasas permaneçam tropêgas!
E em ato contínuo tornem-se cinzas, poeiras ao vento!
E que aragem das estações quentes
Nos acorde unicamente
para arquitetar nossas reminiscências
Para o momento, 
perdi a chave da velha porta.


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Modo Silencioso - Vanusa Babaçu



O telefone chama. E és tu.
Só pra saber se estou bem.
Sim.
Estou bem.
E agora, sem ti.
Mas como?
Se isso um dia foi tão impossível?
Não sei explicar, caso necessário fosse.
Quantas vezes e sem hora marcada 
tuas risadas fonadas cortejavam
 Meu dia,
Minha noite,
Minha madrugada.
Antecipando-nos da alegria

previsível no nosso encontro carnal.
Tua voz em tom deleitável e inequívoca 
Ainda  é a mesma que encantava o meu ente por completo
E emudecia minha fala.

Diálogos intermináveis 
dificultando o complexo desligar.

Todos os créditos promocionais eram insuficientes.
E hoje o telefone chama: e és tu...
Que indagas “As novidades?”
Mas. ja não existem, não há novidades a serem  ditas,
O novo já se fez velho.

Eu sempre respondi afirmativamente
Essa questão!

Temos boas novas!!!
"aumentou o meu amor por ti"
Tu perguntavas pra ouvir o obvío
e proferir o esperado
"IDEM"
Oh! Céus!
Não sei o que dizer agora.
O amor findou-se?
Não sei, ou não quero talvez.
Esse tempo, que nos faz mutável,
Com janelas abertas pra outras entradas ou saídas
Eu estou bem, e agora sem ti.
Mas como?
Talvez seja melhor que retrocedas, 

e surpreenda-me em segredo e silencioso
Como emprendias antes, 
munido de desejos,
E sem temer reclamação de minha parte.

venha...
E preenchas minha boca com teus beijos,
E nosso chão se fará, novamente cama  
Ou nos utilizaremos das velhas paredes 
descascadas e pintadas de azul
Testemunhas e cúmplices de nossos desvarios.
Paratanto,
No evento de tua chegada
Se o telefone tocar,
Estará evidentemente no modo silencioso.
Deste modo, 

minhas quintas feiras 
como em tempos preterítos serão todas tuas.


quarta-feira, 14 de abril de 2010

Básico - Vanusa Babaçu

Tu ja sabes?
que EU TE AMO!
todos sabem?
que eu te amo!
e eu???
sim, eu sei,
eu sei, que te amo.
eu sei, que te amo.
Sei de tudo.
Sei, de nossas passadas lentas,
das nossas vontades de ir mais longe
carregando só o básico
mas nunca sem o outro,
estamos naquele velho beco sem saída.
E tu me amas,
eu sei,
eu sei.
Como tu sabes.
Com ou sem palavras,
quando vem,
quando fica,
quando foge.
Eu sei,
e tu sabes!
Estamos perdidos!
cadê meu megafone?
Ligarei pra tua avó.
Convocarei toda a família.
Mandarei hoje um telegrama pra Goías!
Noticiarei nos jornais de Grajáu!
Ainda tem mais alguém?
hum... as primas...
Para as primas?
  Já deixei recados, disse tudo!
Delimitei território,
apresentei, fatos e fotos.
Sou ré confessa.
Li em voz alta,
todas as cartas que permaneciam lacradas.
Para escrever algumas
utilizei a velha maquina datilográfica,
munida de fita bicolor
e sem o botão delete.
Intencionado ouvir, com culpa
o teclar louco no escrever das palavras
que viçam atiçadas em minha mente torpe,
que te chamam.
E ditam teu nome,
e logo,  eu transcrevo obidiente.
 Certificando-me da minha loucura.
E logo mais a madrugada será vencida
 ao meio dia almoçarei contigo!
Abres a porta, e se puderes
me abraçe.


Para CairoMorias

terça-feira, 13 de abril de 2010

Promessa - Vanusa Babaçu



Eu te prometo
acordar dessa noite infinita
que se fez em mim desde tua chegada
invasiva e permitida por mim.
Prometo ainda,
tratar de inspirar-me em outros motes
beijar em outras bocas,
e gozar com outros sexos.
Porém, tudo é maior do que eu
tudo perde o sentido se em ti não penso.
Corro o mundo, e meu carro está sem freio.
As ruas, vielas ou becos percorridos
 sempre alcançam tua morada
te alcanço, e te canso.
E tu, chega e permanece
e eu, te abraço.
E deslembro...
todas as palavras antes escritas.


sábado, 10 de abril de 2010

Vício

texto: Vanusa babaçu


Tu em mim
Tu em todas as letras
minhas mãos loucas
minha mente viciada
e eu te desenho
com minhas palavras

segunda-feira, 5 de abril de 2010




A estrada,
O caminho conhecido
Eu e tu 
E teu silêncio
 companheiro  atordoante
Rasga-me,
furioso como o velho facão
de um cangaceiro.
dilacerando-me sutilmente
como um bisturi
nas mão de um cirurgião.
E eu na minha dormencia de tua 
indiferença.
ah!
Preciso sem demora
encontrar um jeito de me despedir de ti.




texto-ideia: by CairoMorais
organizaçao do texto: Vanusa Babaçu

Rascunho - Vanusa Babaçu


 

texto: Vanusa Babaçu 
Gravura especilamente cedida do
  acervo pessoal de: CairoMorais 



Teus rascunhos
me desenham e me desnudam
E me aproxima cada vez mais de ti.
Ouso IR embora todos os dias
E antes mesmo que tu sintas falta, volto
Aspirando ficar para sempre,
Sem passado e sem futuro.
Sou gravura de um momento presente
Sem partida e sem chegada
Teus riscos nunca levianos
Esboçado em grafites ou chocolates
Tem a força de assinalar profundamente 
O papel cândido...
que sou eu.

domingo, 4 de abril de 2010

Mãos putas


Com ternura, afeto, e açucar
para CairoMorais
Outono 2010
texto: Vanusa Babaçu 







Nunca mais me acometi de sossego
foi-se o tempo que eu sabia quem era eu.
Todos os cheiros são tu
todos os dedos são teus
tuas mãos putas
tua boca de forno
 meus gritos chamam teu nome
que agora escrevo nas paredes
com meu giz de cera azul.
 Tua língua vadiou por minha boca,
salivando minha alma...
Separando involuntariamente 
corpo do espírito.
Numa noite sabatina de outono
e quando as portas se abrirem?
Leve-me contigo na tua algibeira.








quinta-feira, 1 de abril de 2010

Quatro Elemetos

Preciso sair pela manha
pra colher orvalhos.
Encontrar o sol com cara de novo
Pisar na terra
ainda molhada pelas chuvas de outono.
Ver os cachoros carregados por seus donos
com coleiras desgraçadas atracacando seus pescoços.
Comprar peixe fresco no mercado central,
e escutar as mesmas discussões politicas na fila do pão.

Preciso pedalar com força
minha bicicleta rosada
quero pintar meus cabelos
e deixar meus olhos vermelhos.
preciso
passar a borracha no rascunho errado
me entregar à polícia por um crime cometido
preciso de tudo,
preciso de nada,
preciso estar viva,
e sobreviver a todas as tempestades.
Amparado no amor
no meu amor por ti.

Nada te peço
quero encontrar flores pelo caminho
te amo
do meu jeito peculiar,
Que te sirva.

Sou terra,fogo, ar
Sou àgua 
de tuas chuvas
de  teus rios,
inclusive o de teus olhos!

Arado



Era só um menino de pouca idade, mas com faculdade para adquirir carta de motorista e votar pra presidente. Chegou, entrou, embalou-se na rede da sala invadiu e ocupou cada espaço disponível. Meu Deus foi assim mesmo. E eu, expectadora atônita das ações desse infante que quebrou todas as minhas vidraças e sem chaves abriu todas as amarras de minhas correntes. Rasurou as páginas de meu livro em branco. Em branco, só até a sua chegada agora carecer todos os dias de páginas novas, algumas recheadas de gravuras.
Água por favor, mas mande-me só água de chuva pra que eu possa apreciar ele ainda  moleque, correndo pelo quintal nu em pêlo, molhando-se de madrugada na biqueira da alta casa,  destemido de qualquer perigo.
Despudorado e premeditado oferece-me o corpo para secar. Não só o belo corpo esguio  seca-se na toalha com cheiro de limpa, minha garganta idem. Sim, sim, ressecada ali pela falta de ar, que o momento me rouba. Mas minhas mãos gélidas  são percebidas por ele de forma inevitável. E ali, brota bilateralmente o melhor pecado!
Pouco satisfeito em quebrar minhas vidraças, atravessar o rio, e me presentear com lentes novas para que eu possa rever velhos conceitos. Carrega-me prazerosamente por estradas jamais trilhadas por mim.  Furtando-me de todo e qualquer percentual de juízo existente em meu ser. E eu sigo, sem querer saber do fim da estrada. Deixo cuidadosamente o relógio em casa.

Ah, como eu gostaria de ter previsto tudo isso, se me fosse possível saber tudo antes, do primeiro alinhavo nos retalhos de nossa história, se eu soubesse... Ah, se eu soubesse!!!
Eu, nada faria de diferente, somente abriria com maior rapidez a porta de minha vida e o deixaria entrar com sua grafite, que desenha narrativa. E assim já teria experimentado essa loucura-delícia de  sentir a eficácia bruta de um arado revirando a terra!


Texto: Vanusa Babaçu

Kaiapó


Tenho sede e embebo-me
No pélago preenchido de teus olhos
Tenho fome e abasteço-me
na tua boca salivada
Socorra-me
 Vá embora
 Leve contigo meu colar indígena Kaiapó,
Com meu coração amarrado na extremidade
Feito pingente cigano enfeitiçado
Volte logo para embalar meu sono
Na rede grande esticada na sala
Nesse calor de outono
Sinto frio de tua ausência
E foi dito:
Que passe a existir o amor
E eu, esbarrei em ti.