quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Uma porta, a porta...

A Verdade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Carlos Drummond de Andrade

Só um menino


Amantes são meninos estragados pelo mimo de amar:
e não percebem quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada. Drumomd

Lucas Victor - Deserto e Mar

domingo, 24 de outubro de 2010

co-habitar





Desejo que sejas breve teu habitar em mim. Que eu observe por tempo determinado tuas atividades corriqueiras. Que elas sejam leves, precisas, brisas. Mas se quiseres residir com permanência longínqua? Estejas. Ah! Se tu fores pedras em meu caminho? Serei para ti limo lodo, crosta. E quando eu por motivo qualquer entristecer-me? Por favor, Seja acessível, amoroso, paciente. E se acaso tu também ambicionar tomar conta de mim, que faça. Porém deixe-me preocupar-me com teu ser, imbuída de deleite, e júbilo. E o que é existir? Se não, no ensaio de tal espetáculo?

Saudades "arapiuns"


me vejo numa viagem sem fim
solitario e viajante das estrelas
que logo percebe que não saiu da terra 
mas viajou tao longe 
em busca dos que marcam presença
no meu tão sofrido coração 
de pensamentos saudosos
e me pergunto quando terei teus abraço.
saudades dos teus versos poeticos
do carinho dos olhos....


Fragmentos de saudades 
 Gedeão
indio do povo Arapius
Santarém - PA.

Entendimetos insuficientes

Um dia li, escrevi sobre entender liquidificadores na velocidade “cinco que ordena misturança dos componentes de forma homogênea, incluso nós, por nós, dentro de nós. E me faz recordar fragmentos de desnudas afirmações de amor, mencionado com a competência de estremecer meu ser e meu tempo, ditadas em ocasiões precedentes, a saber: “ligaremos nosso liquidificador, Deixar-se cair juntos, com as chuvas de janeiro. Fazendo uma grande comilança de nós mesmos [...]Cavalgaremos na velocidade do vento, que bater nos teus cabelos. Podendo ser também na velocidade cinco do nosso cinema mudo” (CairoMorais).  

Porém a sensação experimentada por mim, no último momento vivido, me ocasionou um ensaio inédito: ESMAGMENTO. Os ossos doem, (literalmente) depois de passarem por um processo de trituração lento, dolorido, cada osso em de meu apoucado esqueleto como diz IRA: “1,65 de sol”. Feito agora de múltiplas fraturas... De certo, agora já posso descrever a sensação de um encontro com um trem de carga, (não o trem de mineiro, pois esse às vezes pode ser um trem bãao,) mas trem de carga! Notado na tua força contida nas palavras, por ti a mim proferidas, descomedidamente duras, graves, mas ditadas em tom ameno, cortês. Todavia, força de impactos como esses contém elementos básicos para me deixar reduzida a pó.Quando você fala, bala no meu velho oeste, Quando você dança, lança flecha, estilingue [...] Você me faz me sentir menos pó, menos pozinho” (Baleiro). A falange do meu dedo mínimo quebrou-se em mil minúsculos pedaços. Tão pequenino.  Comparado somente a teu sentimento por mim, reservado. Tão diminuto, tão vil, tão nada. Que não resiste aos primeiros ventos de um outubro incompleto. O que incita-me  a mencionar Nara: A primavera passa, e embora o sol resseque o meu caule eu não posso deixar o vento levar minhas flores”. Então, o que faremos quando chegar os dias de tormentas? Alcova invadida por claridade e temperatura solar. O silêncio dos castos e castas no domicílio amplo denuncia que ainda é cedo. 

Desperto, só o fato de abrir os olhos, reconhecer o recinto traz-me de imediato: Descanso para corpo, alma e espirito... Alívio. Nada mais que um pesadelo. Mas, eu preciso partir. Abdico de me despedir com beijos para que teu adormecer sejas ininterrupto.  A chave?  Joguei por debaixo da porta. Se em ti, houver dúvidas da minha passagem por tua noite, aconselho-te que esquadrinhes meus detritos observáveis nos lençóis. Torço para que tua noite comigo, dessemelhante da minha, tenha sido um sonho.

texto de babaçu, tempos de outubros


Tempo de te esquecer

eu que em ti habita,
Transita contraditório na condição do você
Que inconseqüente me persegue.
Sacio minha sede de pele
No vão dos sonhos noturnos,
Que soturnos tendem a me assombrar.
Impetuoso destino
Que logo me escapará
Por entre os dedos, frases e janelas
E então... será tempo de te esquecer.
Vejo-te ainda numa distância que a mim não pertence;
Como outros que se apagaram
Viraram poeira e pó
Tu apenas se vai como os outros
Numa distância que a mim não pertence mais.
 
 
Narinha,
http://nara-c.blogspot.com/
Moleca, que nem é carioca 
nem tem uma nega chamada Teresa.
que escreve lindamente e que eu amo.
hoje, te lendo, te relendo e te publicando.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Máscaras

Tarde de outubro
Necessidade de ti.
De teu colo arisco.
De olhar outra vez o riso que foge.
Da face, tão conhecida por mim.
hoje tão nua, crua e tua.
limpa, lisa, leve.
O riso, as marcas, a pinta.
ator, palhaço, pláteia.
Nem máscaras, nem pelos.
  tinta só a que colore 
teu negro olhar que seduz
tua mão, teu temor, teu tremer.
tua fome, não de mim.
tua sede, de minha boca não.
teu frio que um lençol aquece.
mas já se faz a hora do menino partir
Sem dó, dá-me ás costas.
Na despedida de até amanhã
Quase um “para sempre”
É certo o dilacerar
do meu peito em conflito.




 Para:
 CairoCostaMorais
um ser em constante
METAMORFOSE
Meu camaleão,
ator e palhaço preferido:
amado por mim.
que faz ebulição no meu viver.
 







Receio o presumível, pois agora sim, sei de quais ausências meu íntimo se compõe...
A poesia prevalece!!!
O primeiro senso é a fuga.
Bom...
Na verdade é o medo.
Daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude
uma alteridade disfarçada...
Inquilina de todos os nossos riscos...
A juventude plena e sem planos... se esvai
O parto ocorre. Parto-me.
Aborto certas convicções.
Abordo demônios e manias
Flagelo-me
Exponho cicatrizes
E acordo os meus, com muito mais cuidado.
Muito mais atenção!
E a tensão que parecia nunca não passar
?
O ser vil que passou pra servir...
Pra discernir...?
Harmonizar o tom.
Movimento, som
Toda terra que devo doar!
Todo voto que devo parir
Nunca dever ao devir
Nunca deixar de ouvir...
com outros olhos
!

Amadurecência - O teatro Mágico
Fernando Anitelli

Decompondo-me

O dia amanhece eu ainda com demanda do dia de ontem, pendências.  Tenho como empreitada escrever um texto, sobre um assunto digamos: “importante”.  No entanto tenho mesmo vontade é de escrever em faixas e outdoors espalhados pela grande cidade e dizer: Eu sei que tu existes. Eu sei que tu me tomas de admiração com esse olhar de paz. 

 Bem, se faz melhor que eu me refaça em juízo, e retome a escrita paga. Contudo, não encontro o botãozinho automático que eu possa acessar e dizer, saia já dos meus pensamentos... E se eu disser talvez ainda torne pior a conjuntura, quem sabe direi: Corra logo para o meu tempo. Toma meu espaço, te perca no meu abraço e envolva o meu juízo em papel jornal, pois de certo ele não vai mais competir a mim.

 Enquanto isso na sala de justiça... Campeio saber onde abandonei meus passos, pois meus pensamentos eu sei com o que se ocupas. Como retomar o escopo encomendado?  Se meu único desejo previsível é seguir o caminho guiado por ti. E ainda se possível te descrever em versos poetizados em filosofia, vã. E gritado aos quatros ventos nas esquinas, ou arenas da vida? 

texto: Babaçu

Sobre anjos e demônios

Em mim:
Três meninos ...
Um, que me contempla.
Um, que me deseja.
Um, que não me nota.
Eu olho aquele que me contempla.
Eu respeito aquele que me deseja.
Eu cobiço aquele que não me ver.
Em mim, um menino,
Em mim, dois meninos.
Em mim, três meninos.
Três meninos!!! 
Anjos ou demônios? 
Em mim?
três meninos...
Eu cá... Sem terra sob meus pés.



Da janela, um mundo.
fotografia e texto de Babaçu

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"Venha quando quiser, ligue, chame, escreva...
tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim." 
Caio Fernando Abreu

Presente de presente




O que é um presente?

Presente é tudo aquilo que se oferece, de forma gratuita, a alguém com a intenção de fazer este mais feliz, em sinal de atenção, confiança, amor ou amizade. (Aurélio)

Quem tem dois corações
Me faça presente de um
Que eu já fui dono de dois
E já não tenho nenhum
Dá-me beijos, dá-me tantos
Que enleado em teus encantos
Preso nos abraços teus
Eu não sinta a própria vida
Nem minh’alma ave perdida
No azul amor dos teus céus

Fernando Pessoa


Ganhar presente é sempre uma delicia, sem data comemorativa melhor ainda. Ganhei hoje, com dedicatoria e tudo, o CD de MART'NáLIA.  
delicioso o CD e delicioso o carinho. Recebido de uma pessoa sempre presente em minha vida. Adorei.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Releituras


 

Retratado: João Batista -   Beira do rio Tocantins
Comunidade Curtume
Retratista: Babaçu







Hoje nem é quinta mas, minha tarde foi com ele. Nem carnal, não foi. Mas foi presente. Leituras e releituras de escritos inspirados em momentos simples, fortes e verdadeiros. É isso que faz as retomadas de amar o outro, mais uma vez, ou simplesmente nunca deixar de amar.  De certo, tantos outros passarão e tu passarinho?  





segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dentro de mim



Acordei em prantos (silenciosos), só eu poderia dar conta do meu lamento. Todos ainda dormem. Era tão-somente um domingo comum de outubro. Comum? Como comum? Se agora acordo pra te procurar?

Deve tratar-se de um sonho.  Melhor lavar o rosto, figurado no espelho da verdade que exibe sem pudor os desenhos promulgado pelas visíveis rugas de expressão, adquiridas pelos bons dias vividos. Sim é o melhor. Mas, não o suficiente para resolver essa incógnita. O que me leva a querer saber onde estão seus passos nesse momento matinal ainda?

Desconfio tratar-se dos cinco minutos de loucura destinado a cada ser vivente nesse mundo cão. Logo mais antes das onze quem sabe, nem me lembrarei de tantas informações contido na face emblemática que rabisca tua (bela) identidade,  em fase de maturescência.


Meio dia. Sim ponteiro no doze. Examinei com mais calma sobre definição de ausência, era preciso saber: “As ausências existem para que possamos avaliar o quanto podemos desejar as presenças” (Marcial Salaverry) e disso agora eu conheço com veemência.

Rosto lavado, padaria, caminhada, música nova, tv, telefone, feira, visitas, leituras. Tantos elementos para coisa nenhuma ou para facilmente afirmar que sou feita agora, de inúmeras partículas de não-presença de tua  carne, osso e sorriso.  Nada me supre de tu “Nem o pão, nem a cachaça” Zeca Baleiro.

Jamais experimentei tanta saudade de uma ausência. E se me pedires explicações o que eu farei. Nada a dizer. Meu temor é que me vejas imediatamente como insana. E se diante desse cenário te recusares a me conduzir para os almoços de domingos, na tua casa grande sentada à direita de teu pai e de tua mãe, toda poderosa.  


Outra vez, ponteiro no doze. Meia noite. E tudo já deveria estar resolvido e, penso que encontrei novas respostas para entender o que se passa no meu intimo, mas que se faz exterior a mim, eu desejando ou não.

Devo ultimar meu simples entender sobre ausência a partir de notar concordância entre o meu sentir e esses escritos de (Drummond)  “Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim”

Senti tua falta. E te busquei em vão (Dibel) por lugares inéditos.  Desnecessariamente, pois, tu estavas cá, presente, onipresente,  Invasor de minha alma,  espirito e mente. Dentro e feito de “mim”. É de tua ausência que me improviso, me alimento  e me recomponho agora, para nunca mais me perceber sem ti. 


Por Babaçu - domingos de outubro

domingo, 17 de outubro de 2010

Outubro Rosa ....wmv

Megafone



texto inventado e Flor retratada
por Babaçu, nesse outubro ROSA.
com inspiração vermelha.



Não sabia do que eu tinha tanta saudade. 
Oh, céus! Eu sabia. 
De certo, era só dos teus olhos.
Pouca verdade. 
Do hálito? 
Talvez, do teu cheiro de noite.
Da fala mansa, cantada.
das tuas vestes vermelhas como a minha bandeira.
Do teu brincar com as palavras?
Do teu mote de inteligência? 
Da tua tese sobre como é bom viver?
Das tuas descobertas de aprendiz?
E agora? És  o senhor do ouro, sabe tudo.
Poupe-me apenas das réplicas.
Fazem-se desnecessárias para o momento.
E se forem elaboradas de verdades?
Verdades doem.
Feche a porta da sala.
Continue no seu mundo off.
e para essa estação utilisarei
tão-somente um megafone.