segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Moldura - Vanusa Babaçu





Acordo e é segunda feira. Dia cheio, agenda atropelada por coisas de ontem. Vontade de pouca coisa. Esqueci a agenda tomei rumo ignorado para os outros, pois pra mim o que mais quis fazer nessa manhã eu fiz. Caminhei rumo à vidraçaria da esquina, ordenei a molduração de tua arte-presente-meu. Presente meu, arte e presença tua. Presença paralela...Presença ausência.



" Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez' "



Caio Fernando de Abreu

domingo, 22 de agosto de 2010

Agenda


Quinta-feira...

E tudo
nunca mais será como antes
E tudo pode ser melhorado
estaremos fechados
entre quatro paredes
para nosso balanço

Mas, as quintas...
Voltam a ser especialmente,
QUINTAS
Nossas quentes quintas
e coloridas de azul.

sábado, 21 de agosto de 2010

Recomeço - Vanusa Babaçu


O que fez o tempo 
para com aquele que eu só via menino?
O sorriso contém a mesma dose de atrevimento
 Qual encantou minha razão e a me fez perdê-la.
 Mas a força do beijo? 
Resistível?
Como farei agora?
Se é todo improvisado de delírio, frenesi.
Eu vivi esses dias todos sem saudades?
Verdadeiramente...
 Meus dias foram domados,
ajustados,
refreados.
Passeei por outras bocas,
Outros sorrisos... meninos
Foram panoramas de dias felizes...
Contudo, na tua aproximação é que vejo
Careci... De distâncias e de novo ajuntamento
Para saber que de ti, sempre me fiz.
Mesmo tu, presentemente homem.


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

JB

telefonema
chegada
  abraços
bar
copos
olhares
bocas
risos
dentes
beijos
brindes
saudades
carinhos
recordações
desconversas
declarações
promessas
mentiras
afagos
cabelos
mãos
noite
lua
carne
cutis
navalha
desejo
cartão
sexo
cadeia
gozo
recomeço
recaída
manhã
despedida
liberdade
...fim.

Por: Vanusa Babaçu

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Dom Quixote - Vanusa Babaçu

"E embora a vida de cavaleiro andante seja dura, 
não lhe faltam momentos doces ao recordar-se de
   -sua amada, a sem-par Dulcinéia Del Toboso, 
flor e espelho do gênero dantesco" 
A história de Dom Quixote de La Mancha,
escrita por Miguel de Cervantes y Saavedra (1547 - 1616),




Ainda não se faz de cansaço meu tempo de perder tempo, 
(sobre)vivendo das lembranças (as melhores)
dos tempos idos, vividos e contigo dividido.
Quantas vezes tu se faz minha Dulcinéia Del Toboso?
Se tu só existe no meu mundo imaginário?
Nem queixas, nem exigências.
Basta-me o consolo de presumir,
sonhar, mesmo que desperta.
Que a ilusão, passe ao mundo concreto. (Se ele existir).
Talvez como no conto, eu conte de meu arrependimento
tardio, ou não.
Hoje porém, vivo por e para ti.

No que te incomodo por me fazer teu "Dom Quixote"?
Real, nesse tempo...
Só o meu amor, que por ser amor
deixa-te livre, 
como assim tu anseia.
Manterei como prometido, 
jurado e sacramentado a distância 
necessária.


Hábito - Vanusa Babaçu


   Meu coração
maduro,
Habituado.
Vidinha sossegada,
Amando João.
Um amor de quinta, sim.
Nas quintas
Trivialidade.
E tu, me achegas.
Oferece-me
O experimento do novo sabor
de lábios desesperos,
vulgares.
Com cotação, e custo.
Arrisco-me.
Subordinada,
a percorrer um caminho
de nenhuma palavra
só  língua e saliva ardente.
Para sempre?
Só no meu conjunto de pretensões.
Meu coração,
Desespero.
Sem tu,
sem João,
sem terças,
sem quintas,
Sem cinema.
Sem teus  braços.
sem abraços.
o que me resta?
Apenas cinzas, poeiras
Desse agosto
infinitamente,
...inacabado.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010


Destrocei os cobertores  de tecido algodão que se ocuparam em entranharem-se de teu aroma. Feito de períodos dilúculos encharcados em vinho de quinta, adocicado e saboreado gélido.
Genuinamente, preciso me fazer de tua impassibilidade, da tua falta de comiseração. Mas, ainda me resta teu bocado de educação que me abres a porta e convida-me a ingressar em teu tempo. 
Todavia, defronta-se comigo, titular de um olhar avexado e logo, instaura-se uma cortina de vidro fumê 35%. Dentro do permitido para manutenção da velha ordem.
Sem olhar para trás, deixou-me só com todas as luzes apagadas consentindo que todos os meus fantasmas invadissem ocupassem de forma letal a casa de minha morada. Morada que antes se fazia só de tu. Já não se faz  mais necessário localizar o interruptor. Eu te avisto e te assisto viver.

domingo, 15 de agosto de 2010

Fragíl - Vanusa Babaçu



Não perdures em andar descuidado, 
pois és tu que carregas   
meu coração 
em tuas mãos.


sábado, 14 de agosto de 2010

Desnecessárias notícias - Vanusa Babaçu


Será  bem melhor que eu nada mais te diga, nada do que se passa comigo de forma que tu possa pensar que tudo vai bem, que a vida segue, que falta de nada eu sinto. Nem de teu humor, nem de teu abraço, nem do teu inconfundível cheiro. 
Mas se tu quiseres saber de uma verdade e como de costume nunca te menti é necessário que tu saibas que é de horas longas que se faz o meu dia. Meu café, amargo quase fel.  Porém, sigo caminhando e pelo caminho vou adquirindo pesos que  atam-se involuntariamente às minhas pernas, dificultando meus passos, que modestos relutam em querer-te seguir. Eu, já não o fiz em respeito a tua preferência, que deliberou  continuar teu caminho agora sem que eu seja teu contra-peso. Digo-te tudo isso, mas não posso esquecer de mencionar sobre às noites, invadidas por  lembranças tuas, inclusive quando é possível dormir. Por favor, não diga-me que o tempo vai sarar-me. Pois pouco sei se desejo curar-me de ti. 



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Toques imagináveis

Tuas mãos...
Se quase imã... aproxima-me de ti.
Se quase cola... ata-me a ti.
Se quase nada... atiça-me.
Nem um toque
Nem um toque concreto.
Sem diferençar se de pureza, leveza ou rusticidade.
Tua temperatura..
Tua seiva...
Teu afago...
Teus toques...
Constantemente imaginados por meu desejo deslustre.
Qual o mistério?
Qual a dádiva?
Ainda os terei de experimento, para perder meu juízo?
Tuas mãos...
Teus toques...
Minha cobiça.

foto VanusaBabaçu - Espinheira de tucum- Chapada das Terras dos Povos Krikatis. Montes Altos-Ma.




quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ser poeta

 
"Ser poeta é não saber escrever nem uma palavra em língua escrita, mas perceber Deus, na àgua existente no pequeno coco de tucum, no meio da chapada desértica que meio dia, na tua falta de lucidez sacia tua sede caótica, enfurecida. Isso é poesia ou verdade que somos absolutamentes desnecessários nessa terra. Estamos aqui só para sermos zeladores e admiradores da existência de um Deus "Tocavél" é assim que me encontro com Deus. Ou quando miro nos teus olhos e eles não podem fugir da verdade que quero ver neles. Se tu nem ninguem entender o que eu digo. Eu vou sempre saber o que eu quero dizer. Tudo tem uma razão, nós é que pensamos que sabemos a razão das coisas, e isso tá longe da verdade. pelo menos do que eu entendo por verdade''. 
 
 
Conversa de Indio, na chapada de sertão maranhense em momento da retirada de palha para confecção de Pacará.  








"Sou o que teus olhos privados de visão escreveram e tu decidiu chamar: "Poesia" e publicou em  livro com asas." 




Babaçu

Olhares de Agosto


Percebi-me avistada
por teu olhar enigmático,
tacturno e selvagem.
embalado de diferencial atrativo.
Numa covardia inicial,
imprescindível talvez para minha segurança.
Cautelosamente desviei,
em vão.
Contigo, caminhei lado a lado.
Te segui,  obediente...
em teu silencio e silenciada.
Em submisão consciente... 
Caminhos indicado por ti,
caminhos de teu domínio.
De tua pessoa, só sabia teu nome de rei.
Do destino que me oferecias, nenhuma ciência.
Sem pretensão de rezingar.
Em pouco tempo, fui conivente.
Te ofereci concordância vulgar
garimpando teu olhar,
que sem embaraço ou timidez
Desnudava-me.
Fotografava-me.
Querendo-me.
Procurando-me.
Encontrando-me.
Revelando-me.
Desnorteando-me.
Publicando nossas aspirações.
Submergidos de temor mútuo,
partilhamos nosso dolo.
Silenciamos nosso ato de dizer: Também te quero.
Somos agora, resultado da distância mandatória
Que seguramente separa teu olhar, do meu ver.
Já ouvi dizer que segues, bem.
Só não sei mais pra onde devo olhar,
Palavras dizem-me tão pouco e
Todas as cores tem novos nomes.


Parte superior de Cocar usado por guerreiro Krikati em dia de festa 


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Poesia de madrugada


Sempre distante te vi, sempre ausente esteve....
Em palavras biformes te conduzir até uma verdade estupidamente relativa...
Tu me fazes bem, mesmo distante e inconstante...
Sei sim, eu sei, não é porque sou convencido, mas sei que ninguem com minhas ideias e forças tinha aparecido na tua vida...
Espera mais um segundo, respire fundo..
O meu corpo se foi...
O que sobrou?
O meu átomo cabono e o meu
amor...
Não me procure mais em digitais ou coisas descentes
Sou teu espanto, teu pranto, em fim me fui, se foi...
E agora o que resta de mim no mundo é um espasmo eletromagnético de uma sinaps cerebral
algo chamado POESIA




Rogério Maia

Poeta de madrugadas, aquele que para mim ainda se faz incógnita as linha de seu rosto.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

dias de agosto


Acordei no primeiro dia de agosto em terras onde sou ádvena. O confortável, mas ignorado quarto, a mim oferecido para que eu melhor me acomodasse longe de casa diferenciava-se do que é comum à minha memória matinal. As paredes coloridas por cores distante do azul coloquial de meu quarto vago, enfeitado por teu retrato impresso em papel A4 me conscientizaram de que estou “longe de casa a mais de uma semana” e quilômetros me separam daqueles que amo. Meu despertar se faz dúbio, teu cheiro não está entre os confortáveis e limpos lençóis que me cobriram e aqueceram-me na noite de madrugada fria. Agora sim, percebo que se findou mesmo o velho julho, pois o calendário católico marca o primeiro dia de agosto, mês que se apresenta com quase 62 dias para viver. É tempo demasiadamente longo, pra eu ter ciência de que estás distante.  Queria mesmo ter permanecido adormecida por mais tempo, o que me economizaria de lembrar-me que o hoje, o agora, me traz a tua ausência como certa, e como nós mais que ninguém sabemos que se faz necessária esse tempo-ausência.  Regresso onde deixei meus passos. Porém, todos os pesos me acompanham. E agosto conta só três dias corridos. Saudades de tempos futuros.


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Agosto de Deus


Agosto de Deus... Nesse agosto novo eu já tenho ciência de tua existência. Trinta e um dias  contam esse mês, certamente pra eu ter mais dias de lembranças tuas. Agostos pretéritos eu nem trazia conhecimento de teus negros olhos . E agora mesmo quando te esqueço, Te recordo  nos desenhos que se fazem em minha mente, de pura teimosia. As linhas de teu rosto, noutros agostos nem eram por mim imagináveis. Nesse agosto cumprido, tornam-se inesquecíveis. Então resolvi viver esse agosto quente, de poeira seca, frio nas madrugadas camponesas, sem nem uma pena de mim, e com o matulão carregado de pedacinhos de tempos vividos contigo. Decidi vivenciar esse agosto, agosto de Deus.
Sendo inclusive a única opção que me resta.
Agosto, 2010
Vanusa Babaçu

domingo, 1 de agosto de 2010

Presentes de Aniversário

De Mardoninho:

olha querida, queria dizer-te que não esqueci de ti
não me esqueci dos baixoes em que sempre te encontrei
não me esqueci de que já te abri e provei tuas bages intelectuais
que ja fui gongo teu, e que de ti sempre suguei coisas boas
que a machadadas e poretadas a gente sempre se encontrou pelos cocais de imperatriz
e não esqueci que juntos já vimos a lua,
essa mesma que floresce, e faz germinar seus ambundantes e esvoaçados cachos* de babaçu
PARABENS! feliz aniversario

De Zezezinho:
Baticundumm bateu uma saudade!
Do meu quintal planetário faço petição a lua pra te acolher no colo e te fazer um mimo.Oh palmeira que todo sereno desta noite seja pra ti!
Um brinde com água de cacimba!
Uma carga cheinha de abraceijos babaçueiros.
Te amo minha irmã


De Carolzinha:
Parabéens!!!
Desejo a ti toda a felicidade do mundoo *-----*
tudo de bom mesmo...
encontrar pessoas especiais como vc num ée fácil
Saiiba que vc ée mto importante pra mim (:
(mesmo que eu num demonstre isso :x)
bjoooooooooooooooooos

De Raimundo Santos:

Realmente, urubua, não tem como negar que tu é uma excelente fotógrafa. Elas passam emoção, eu penso que isso é importante. Feliz aniversário, não sei se isso é importante, mas na dúvida e na distância, prefiro arriscar menos.

Acho que é isso mesmo, tão poético e tão metafórico como tuas palavras, certamente são tuas percepções/ações diante do mundo, são teus sonhos e medos, talvez seja tua própria essência, se é que existe isso. Os tempo e a distância nos transformam, nos torna mais plásticos, também auto-fágicos, quando nos ensina a nos alimentarmos de nossas próprias lembranças, sejam elas boas ou ruins. Entre as lembranças que me alimentam estão aquelas que remetem a tua fraterna mão estendida a mim em momentos que muito precisei. Não há dúvida que na minha caminhada sempre levarei um pedacinho de ti. Muita saúde, paz e felicidade, estamos sempre dispostos a retribuir.